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domingo, 29 de junho de 2014

Ruptura com a monogamia


Muitas pessoas, ao se perceberem não monogâmicas, entram em crise. Se sentem culpadas, erradas, excluídas, sozinhas. Tendem a pensar que são os únicos indivíduos  no mundo que não conseguiram se adaptar aos padrões considerados naturais e, portanto, "normais" da espécie humana; que devem ter algum distúrbio, doença ou algo de muito ruim, imoral.

 Todo esse sofrimento é causado por vivermos em uma sociedade em que a instituição da monogamia  foi estabelecida como o único modelo correto e aceitável de relacionamento afetivo/sexual. Seguindo por esse raciocínio, qualquer pensamento e/ou atitude que fuja da prática sexual consolidada pela moral vigente (hetero, apenas entre duas pessoas, realizada com "amor" e,  preferencialmente dentro de um relacionamento afetivo estável e validado socialmente), é hedionda, repulsiva, vergonhosa, “coisa de gente pervertida”,  que não merece respeito ou consideração.

Assim, não é  de se admirar que vários indivíduos que não se identificam com a monogamia, continuem insistindo em buscar relacionamentos nesse molde. Escolhem a mentira, a máscara da “normalidade” e se esforçam para estancar o conflito de não se sentirem adequados ao mesmo tempo que lutam por tal adequação – fonte de enorme sofrimento subjetivo.

  
Contudo, alguns de nós começamos a compreender que a única alternativa que temos para evitar tal sofrimento é conquistar aceitação e respeito (quem sabe compreensão), é deixar para trás a tortura perpétua de não ser o que se é, ou seja, romper com a “normalidade”, assumir uma identidade não monogâmica, lutar pelo direito de sentir, desejar, se relacionar com quantas pessoas  quiser, mesmo que tal ruptura com os padrões social e moralmente estabelecidos signifique viver à margem da sociedade.


Sharlenn