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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Diferença entre Poliamor e Relação Aberta (R.A.)


Muitas pessoas confundem poliamor com o modelo de relação não monogâmica denominado relação aberta. Contudo, esses dois conceitos não podem ser usados como sinônimos, uma vez que representam, de fato, formas de relacionamento distintas.

A chamada relação aberta é, em geral, um vínculo entre duas pessoas – que compõem o casal – mas que possui a prerrogativa de permitir relacionamentos com outras pessoas externas à relação. Normalmente, há uma regra explícita de que todo o envolvimento “extrarrelacionamento” deve ser exclusivamente sexual.

Dentre as configurações mais comuns de R.A. temos as relações paralelas, em que os parceiros simplesmente saem para sexo casual com outros indivíduos; temos o casal que namora uma terceira pessoa (sendo o casal sempre prioridade); há também casais que fazem acordos de só poderem ter relações com outras pessoas sob o consentimento da outra parte; de só poderem ter sexo com outros em viagens, etc. Raramente os casais que vivem uma relação aberta permitem ao parceiro (a) um envolvimento afetivo fora do casal estabelecido. De qualquer forma, o que marca a relação aberta é o estabelecimento do casal como prioridade: existe o casal e existem as outras pessoas com as quais eles (juntos ou não) têm, sobretudo, sexo.

Já o poliamor, entendido aqui como um fenômeno social (ou seja, que surgiu na sociedade a partir de uma necessidade – muitas vezes inconsciente – dos indivíduos) possui uma grande variedade de arranjos e possibilidades. O poliamor é um modelo de relacionamento não monogâmico que se identifica pela não exclusividade afetiva-sexual entre as partes e a igualdade de possibilidades entre todos os envolvidos: se há somente abertura sexual, não se configura como poliamor; se apenas a uma das partes é consentida a liberdade de poder se envolver com outras pessoas, estamos tratando de um caso de poligamia e não de poliamor. Fora isso, o poliamor pode se configurar em relacionamentos em grupo – quando todas as pessoas envolvidas possuem relações entre si; pode ser que as partes de um casal tenham outros relacionamentos afetivos-sexuais ou mesmo só sexuais, ou alguns afetivos e outros sexuais. Não há uma regra que defina a configuração dessas relações: cada relação poliamorosa constrói suas próprias regras visando às necessidades específicas das pessoas envolvidas.

Outro fator comum ao poliamor e que não é visto no relacionamento aberto é a questão da família não nuclear. Ou seja, muitos poliamoristas que vivem em grupos querem casar e ter filhos, só que, nesse caso, a união não é somente entre duas pessoas e os filhos geralmente são pelo grupo. Já os que mantêm uma relação aberta e querem constituir família entendem que a família é nuclear – pai, mãe e filhos do casal – não tendo os demais parceiros sexuais qualquer ligação com a constituição da família ou vínculo com os filhos do casal.

Assim, é coerente concluir que, embora essas duas formas de relacionamento pertinente sejam não monogâmicas, no relacionamento aberto o casal é prioridade, a família (caso seja constituída) terá a base nuclear e, na grande maioria das vezes, a abertura desses casais é puramente sexual, havendo, inclusive, acordo de fidelidade afetiva. O poliamor é mais abrangente em possibilidades, em formatos. A legitimidade de poder amar várias pessoas concomitantemente, viver mais de um relacionamento afetivo-sexual e a possibilidade de igualdade entre as partes envolvidas são algumas de suas principais características.




Há mais de três anos em uma relação poliamorosa como meu gato, Rafael Machado! ;)


Sharlenn

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Amor, Poliamor...


Bem, como muitos sabem, eu tenho 31 anos. Desses, há 16, 17 vivo relações afetivas-sexuais. Namorei monogamicamente durante 5 anos, depois me casei (sendo a maior parte desse casamento mono e depois RA), o que durou cerca de 9 anos. Há mais de três anos conheci o poliamor e, a partir de então, passei a ter apenas relacionamentos poliamorosos. Como no poliamor um relacionamento nao exclui o outro, minhas experiências sexuais e meus relacionamentos amorosos mais que quadruplicaram nesse pequeno período. Assim, posso dizer, por mais estranho que possa parecer, que minhas experiências de relacionamento são muito mais polis do que monos.


De qualquer forma, me sinto apta a analisar ambos a partir da minha vivência. E por conseguir analisar, comparar, racionalizar, sei que nunca mais voltarei a ser monogâmica. Afinal, eu SOU poli. É assim que me sinto e me entendo, é o que defendo como forma superior de relacionamento.

E nesse momento pretendo analisar uma questão em particular: o amor. Obviamente que eu amava meus parceiros monogâmicos, mas agora identifico elementos como posse, insegurança, ciúme, egoísmo entranhados no amor que eu sentia. Sentimentos que trouxeram vários conflitos internos e externos em minha vida.

Diferentemente das minhas experiências monogâmicas, os relacionamentos poliamorosos que tive (e os que tenho) me fizeram enxergar o amor como algo muito mais pleno, incondicional. Todos os que amei desde então, de alguma forma, ainda continuo amando. Se o relacionamento nao terminou porque as pessoas mudaram e se tornaram estúpidas, falsas, etc., aos meus olhos, eu nao tenho motivo para deixar  de ama-las.

Percebi que muitas vezes os relacionamentos nao acabaram por falta de amor, mas por incompatibilidades percebidas com o tempo, distancia, projetos diferentes de vida, entre outras coisas que nao me fizeram deixar de gostar dx parceirx em questão. Por isso continuamos amigos, amigos coloridos, ficantes. Procuro ter o que posso ter de melhor com cada uma dessas pessoas e isso realmente me faz bem, não deixamos de existir uns para os outros, não deixamos de ter vínculos.
Agora vivo uma situação que me demonstra com ainda mais clareza o que eu já vinha percebendo: o amor nas relações polis tem a potencialidade de nos fazer mais generosos, mais “altruístas”, o sentido de querer o bem dx outrx  é amplificado – não busco o que é melhor pra mim submetendo a felicidade de meus parceirxs à minha vontade, aos meus caprichos e desejos.



Amo muito alguém que pode não mais estar presencialmente na minha vida daqui ha um tempo. Foi uma escolha de vida delx, algo que pode lhe proporcionar uma vida melhor, mais rica e plena. Bem, o meu desejo egoísta é que essa pessoa continue por perto, mas ele é absurdamente menor que a minha felicidade de ver a  possibilidade de uma vida melhor para essa pessoa. Eu a amo tanto, mais tanto, que o fato de ela poder viver melhor, mesmo longe, me traz felicidade.
Claro que sofrerei a ausência, a saudade, mas nada disso apaga ou diminui os momentos que vivemos e o amor que sentimos. Se é amor tem que libertar, tem que permitir que os indivíduos sejam  livres para viverem suas vidas e fazerem suas escolhas. Ser feliz em um relacionamento as custas dos sonhos, projetos de quem se ama... não me parece amor. Para mim, hoje, amor é o que sentimos quando vemos quem amamos realizado e feliz.

Mais uma vez: o amor não encarcera, o amor liberta!

Sharlenn

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O Poliamor ganhando visibilidade!

Depois de duas semanas ótimas cheias de ótimas notícias e conquistas polis - O encontro Poli de agosto contando com mais de 200 pessoas, reportagem no Globo, Na Catraca Livre, Na Isto é, propostas de mais entrevistas, etc. -  hoje acabei de receber uma  proposta que me deixou muito entusiasmada e  eu
gostaria de compartilhar com todos os polis e simpatizantes!!


Acabei de receber um telefonema de uma editora de uma revista feminina perguntando se eu não teria interesse em publicar na revista X o tipo de texto que posto no meu blog!!!!
Ela disse que a intenção é montar uma coluna chamada: "amor e sexualidade da mulher contemporânea"...!!!
Como ainda não está certo, não posso entrar em mais detalhes, mas isso é um grande passo na minha vida e na divulgação do Poliamor!!! 


 Foto do ultimo encontro unificado de poliamor em agosto/ 2014.