Muitas pessoas
confundem poliamor com o modelo de relação não monogâmica denominado relação
aberta. Contudo, esses dois conceitos não podem ser usados como sinônimos, uma
vez que representam, de fato, formas de relacionamento distintas.
A chamada relação
aberta é, em geral, um vínculo entre duas pessoas – que compõem o casal – mas
que possui a prerrogativa de permitir relacionamentos com outras pessoas externas
à relação. Normalmente, há uma regra explícita de que todo o envolvimento
“extrarrelacionamento” deve ser exclusivamente sexual.
Dentre as
configurações mais comuns de R.A. temos as relações paralelas, em que os
parceiros simplesmente saem para sexo casual com outros indivíduos; temos o
casal que namora uma terceira pessoa (sendo o casal sempre prioridade); há
também casais que fazem acordos de só poderem ter relações com outras pessoas
sob o consentimento da outra parte; de só poderem ter sexo com outros em
viagens, etc. Raramente os casais que vivem uma relação aberta permitem ao parceiro
(a) um envolvimento afetivo fora do casal estabelecido. De qualquer forma, o
que marca a relação aberta é o estabelecimento do casal como prioridade: existe
o casal e existem as outras pessoas com as quais eles (juntos ou não) têm,
sobretudo, sexo.
Já o poliamor,
entendido aqui como um fenômeno social (ou seja, que surgiu na sociedade a
partir de uma necessidade – muitas vezes inconsciente – dos indivíduos) possui
uma grande variedade de arranjos e possibilidades. O poliamor é um modelo de
relacionamento não monogâmico que se identifica pela não exclusividade
afetiva-sexual entre as partes e a igualdade de possibilidades entre todos os
envolvidos: se há somente abertura sexual, não se configura como poliamor; se apenas
a uma das partes é consentida a liberdade de poder se envolver com outras
pessoas, estamos tratando de um caso de poligamia e não de poliamor. Fora isso,
o poliamor pode se configurar em relacionamentos em grupo – quando todas as
pessoas envolvidas possuem relações entre si; pode ser que as partes de um
casal tenham outros relacionamentos afetivos-sexuais ou mesmo só sexuais, ou
alguns afetivos e outros sexuais. Não há uma regra que defina a configuração
dessas relações: cada relação poliamorosa constrói suas próprias regras visando
às necessidades específicas das pessoas envolvidas.
Outro fator comum
ao poliamor e que não é visto no relacionamento aberto é a questão da família
não nuclear. Ou seja, muitos poliamoristas que vivem em grupos querem casar e
ter filhos, só que, nesse caso, a união não é somente entre duas pessoas e os
filhos geralmente são pelo grupo. Já os que mantêm uma relação aberta e querem constituir família entendem que a família é nuclear – pai, mãe e filhos do casal – não tendo os demais parceiros sexuais qualquer ligação com a constituição da família ou vínculo com os filhos do casal.
Assim, é coerente concluir que, embora essas duas formas de
relacionamento pertinente sejam não monogâmicas, no relacionamento aberto o
casal é prioridade, a família (caso seja constituída) terá a base nuclear e, na
grande maioria das vezes, a abertura desses casais é puramente sexual, havendo,
inclusive, acordo de fidelidade afetiva. O poliamor é mais abrangente em
possibilidades, em formatos. A legitimidade de poder amar várias pessoas
concomitantemente, viver mais de um relacionamento afetivo-sexual e a
possibilidade de igualdade entre as partes envolvidas são algumas de suas
principais características.
Há mais de três anos em uma relação poliamorosa como meu gato, Rafael Machado! ;)
Sharlenn