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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PRIORIDADE?

Acabei de me dar conta de que já estou há quase dois meses sem postar...meu blog andou meio abandonado, mas a vida muito tumultuada. Nem sempre damos conta de fazer tudo, né? Prioridades!
E foi sobre isso que andei refletindo nos últimos dias eque me inspirou a escrever agora: PRIORIDADE. O que vem a ser prioridade em um relacionamento poliamoroso?




Bem, atualmente me encontro em quatro relacionamentos - com intensidade, organicidade,
afetividade, envolvimento, expectativas diferentes. Um deles, que já foi citado diversas vezes no blog, é o Rafa e estamos juntos há mais de três anos: já fomos ficantes, namorados, casados e agora namorados novamente. Nosso amor é profundo e fundamentado na amizade, companheirismo, afinidades e cumplicidade. Meu outro relacionamento também longo -  acho que dura uns dois anos (contando a parte assexuada da relação) se consolidou à distância. Contudo, mesmo morando em estados diferentes e tendo que enfrentar as dificuldades impostas pela distância, existe um amor, um carinho e um tesão enorme entre nós dois. Não imagino minha vida sem eles!



Os outros são bem mais recentes, questão de poucos meses. Um deles eu conheço faz alguns anos; o outro, ha bem pouco tempo.. E aqui começa a complexidade sobre a qual venho focado minha reflexão.

 A outra pessoa com quem comecei a me relacionar recentemente é o Will, ele me foi apresentado pelo próprio Rafa  há quase três anos.  Nesses anos de convivência nós ficávamos quase todas as vezes em que nos víamos, chegando ao ponto de termos uma convivência e uma afetividade mais estreita...porém, como tínhamos muitas divergências importantes, nunca passamos disso. Só que, como a vida não é uma linha reta, nos reaproximamos nesses últimos meses. Primeiro porque uma terceira pessoa nos fez relembrar um do outro (uma situação complicada da qual não tenho como falar nada além disso), voltamos a conversar pelo face com mais frequencia e, quando eu fui me mudar de cidade, resolvemos nos despedir. Obviamente ficamos e dessa vez não paramos mais de ficar. Fora a questão sexual que, em minha visão sempre foi muito legal,  nossa amizade foi fortalecida pelo apoio e carinho que ele manifestou em vários momentos difíceis que passei. Quando há dois meses me vi em uma situação bastante desesperadora, o Will foi uma das pessoas que mais me acolheu e desde então estamos morando juntos na casa de seus pais. Incrivelmente a convivência se mostrou (e se mostra) bastante prazerosa e enriquecedora. Buscamos nos ajudar em tudo, de trabalho a problemas com outros relacionamentos. As afinidades são muitas e estamos conseguindo lidar bem com as divergências. Há aproximadamente duas semanas percebi que estava apaixonada!
Temos planos de ter a nossa própria República! ;)




Por fim, o relacionamento mais recente de todos, o Ádamo -  um menino muito mais novo do que eu  -   está sendo muito descontraído.  O lindo está tendo sua primeira experiência poli comigo. Ele é uma graça, super divertido e o sexo...é incrível! Sinto por ele algo que não sinto por nenhum dos outros, uma necessidade de cuidar, de orientar, provavelmente devido a diferença de idade. Existe muito carinho na  nossa interação, mas acho que é de comum acordo que não é de nosso interesse extrapolar o que já existe no presente.

 Mas agora, como tratarei de prioridade entre relacionamentos totalmente diferentes uns dos outros? Não vivo com um o que vivo com o outro, não tenho o mesmo sentimento por todos. As pessoas são únicas, as histórias também, assim como a forma e a "intensidade" dos afetos e dos desejos.
Complicado isso! Eu que sempre quis prioridade, agora percebo como ela só faz sentido se vier naturalmente, sem
regra e cobrança. Não me furtarei a dar prioridade a quem já me cedeu, principalmente se é por uma causa justa e necessária. No início da minha experiência poli eu neguei prioridade ao meu antigo parceiro, depois cobrei de outro...e nesse momento abre-se um " mundo novo" pra mim, de novos sentimentos, novos pensamentos.
Quanto mais abraço minha identidade poli, mais percebo o quanto não refletia sobre meus afetos, desejos, sobre minha subjetividade na relação com o outro. Posso afirmar, que tem sido uma grande auto-descoberta, além de poder explorar o universo das possibilidades e subjetividades alheias. Algo muito positivo que tem me ajudado a ser mais empática, não só com meus relacionamentos e amizades, mas também com as limitações dos que me cercam de alguma forma. 





Sharlenn