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domingo, 17 de maio de 2015

Quando outrx parceirx surge...

A ideia desse texto se deu por dois motivos, na verdade duas preocupações comuns tanto a monogâmicos quanto a um número considerável de poliamoristas (e eu me incluo entre eles). Bem, o surgimento de outra pessoa em nossas vidas - seja da forma que for - é sempre algo novo com o qual temos que lidar.

No caso dos monogâmicos, quando solteiros, a probabilidade do surgimento de um novo envolvimento amoroso, não costuma ser complicado, pelo contrário. Contudo, ainda assim, esse novo indivíduo mudará nossa rotina, hábitos, teremos que ceder  mais, ter menos tempo para nossas atividades particulares, etc., ou seja, mesmo que prazerosa, é uma mudança.




Entretanto... no caso dos monos comprometidos, o interesse por uma segunda pessoa costuma ser um grande tormento. Óbvio que aqui não me refiro aos machistas, aos desonestxs e egoístas que colecionam troféus, que se relacionam com objetos de prazer e/ ou exposição ao invés de sujeitos plenos e livres. Me refiro sim aos que desejaram ser felizes "para sempre" (sabendo que o "pra sempre" sempre acaba rs) com uma única pessoa.  Mas, diferente do que esses casais bem intencionados idealizam, o amor chega sem aviso, pessoas especiais aparecem, mexem com nossa cabeça, libido e coração, pessoas nos cativam. E, quando isso acontece, os monos sinceros sofrem por terem que escolher entre dois amores... Desolador deixar passar um amor que tanto poderia contribuir para nossa felicidade, desolador abrir mão da pessoa que escolhemos anteriormente e ainda amamos, com a qual temos uma história, sonhos, às vezes filhos.

Ouço frequentemente que, antigamente era mais fácil ser monogâmico, que as pessoas ficavam satisfeitas em achar o "seu amor da vida inteira"... Será? O que sei é que muitas mulheres se submetiam, muitas vezes não tinham profissão e dependiam do marido financeira, social e emocionalmente. Ok, isso pode parecer algo de séculos atrás (porém, não é!), mas vamos aos exemplos mais recentes. Ha quanto tempo as mulheres possuem autonomia financeira, há quanto tempo vão às academias, saem com as amigas para paquerar ou só curtir? Hã quanto tempo escolher não ser mãe é uma opção aceita pela sociedade? (é, de fato, aceita???)

Toda essa revolução recente na vida das mulheres lhes possibilitou sair do papel de "dona do lar" e conhecer novos indivíduos, explorar um mundo novo, conviver com pessoas com outras ideias, sorrisos, perfumes. Ora, é bem mais fácil estagnar em uma relação com uma única pessoa quando não existe NEM a possibilidade de conhecer outras...
A monogamia, por esses e outros fatores, não existe mais como o sacramento de uma vida inteira, tornou-se monogamia seriada: divórcios e separações são comuns, filhos de casamentos diferentes idem.

Será o fim da monogamia como instituição e contrato? Espero realmente que sim. Ótimo que duas pessoas queiram ficar juntinhas uma com a outra para o resto de suas vidas... Mas que isso não seja uma OBRIGAÇÃO, mesmo que moral, que o amor não necessite de contratos e cláusulas de exclusividade... Que seja livre tanto para ir, quanto para permanecer.

Dito tudo isso, meu principal objetivo é entender como o surgimento de umx outrx parceirx pode também ser algo complexo de se lidar nas relações polis. E quero analisar dois casos: 
1- quando, numa configuração poliamorosa, ( de dois três ou mais parceiros) somos nós quem nos envolvemos com um novo indivíduo;
2- quando um dx(s)  parceirx(s) que amamos é quem se vê envolvido por outrx(s).

No primeiro caso, considero por experiência própria, a adaptação é mais tranquila. Não disse fácil, apenas mais tranquila. De forma análoga a um mono solteiro, nossa vida também sofrerá modificações, teremos que adaptar a rotina, mediar com os  outrxs companheirxs, e isso significa administrar tempo,  possível ciúme, insegurança, discutir sobre prioridade, ser tolerante com medos e ressalvas de um ou de todos os envolvidos... Está claro também que dispor de bem menos tempo para atividades pessoais. Quando ox parceirxs moram longe, desejam prioridade ou não se gostam/não querem se conhecer, fica ainda mais "emocionante".


No caso em que é x sxu parceirx quem se apaixona, que constrói uma outra relação com uma terceira, quarta pessoa, sentimentos como medo de receber menos tempo e atenção, inveja se x outrx for mais bonitx, inteligente, etc., a alteração da própria rotina de vocês, a necessidade de inserir uma outra pessoa (que não foi você que escolheu) nos planos, pode ser bem desgastante...

Pensando nisso, reafirmei em mim a importância extrema de que todo tipo de arranjo poli use o DIÁLOGO franco como ferramenta essencial, que a AMIZADE seja a base do relacionamento, que a COMPERSÃO seja busca diária e, sobretudo, que RESPEITEMOS também nossas limitações, que não nos forcemos a dar um passo maior do que podemos no momento. A liberdade é importante, respeitar os desejos e amores dos nossos amores é importante, mas NÃO mais importante do que aceitarmos  (o que não é se acomodar) nossas falhas, limitações, imperfeições. Tanto as nossas como as de quem nos cerca.




No meu caso, deixar de procurar a perfeição em mim e nos outros, em nossas relações têm sido o caminho mais leve, calmo, reconfortante.

Sharlenn

2 comentários:

  1. Olá Sharlenn, normalmente a relação com uma nova pessoa começa apenas no nível da atração sexual, e só depois é q evolui para o amor. Para mim a compatibilidade sexual é mto importante para uma relação amorosa entre homem e mulher, então isso significa q o sexo tbm é livre, já q é uma etapa necessária?

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    1. Obrigado Sha, já encontrei a resposta em outro post seu

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